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Trajetória da folha seca de Didi. Mas será que a folha seca é dele mesmo? |
Uma das coisas que me aproximou do meu avô paterno durante a minha adolescência foi o futebol. Sempre que nos encontrávamos ele me contava uma história nova, de quando era jovem e jogava bola na rua, dos jogos que assistiu ou dos grandes jogadores que viu. Meu avô, provavelmente foi o grande responsável por minha paixão pelo futebol paraense.
A história que mais me marcou, com certeza, foi a da "folha seca". Não por ser um grande feito, uma partida épica ou ser algo muito emocionante. Me marcou por ser simples e por mostrar o quanto nosso futebol tem história. É uma história que muita gente pode não acreditar, mas foi meu avô que contou, e nele eu confio.
A história era assim, se me lembro bem: quando meu avô era jovem, lá pelos anos 50 ou 60, a Tuna era um grande time, com grandes jogadores. Apesar de ser torcedor fanático do Paysandu meu avô, como muitos na época, ia até o Souza assistir às partidas da Tuna, só pelo prazer que aquele futebol gerava.
Um desses jogos foi contra o Botafogo, que contava com outros grandes jogadores, como Didi, o mundialmente conhecido como inventor da folha seca. Em um jogo muito bom, segundo as memórias do meu avô, a Tuna fez um gol. Foi uma falta muito bem batida, no estilo folha seca. Pois é, a Tuna fez o gol e não Didi. Essa é a parte importante da história, preste atenção. Não foi Didi quem bateu a folha seca porque ele ainda não conhecia essa jogada. Sim, a folha seca foi inventada por um tunante, quem diria?
Meu avô diria, e me disse, inclusive. Segundo ele, ao final do jogo, Didi foi até o jogador tunante responsável pela magnífica cobrança de falta, o cumprimentou e perguntou como ele fazia pra que a bola entrasse no gol daquele jeito. O anônimo tunante explicou pacientemente e eles ficaram algum tempo treinando a jogada. Didi batizou aquele tipo de batida de falta como folha seca, fez muitos gols e virou ídolo do futebol brasileiro. E o nome do tunante que não registrou patente de sua invenção? Meu avô não lembrava, infelizmente, mas aquele dia ficou na memória dele para sempre.